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Intervenção do BE nas comemorações do 25 de Abril, em Santiago do Cacém.

Exma. Sra. Presidente, da Assembleia Municipal
Sras. e Srs. Deputados
Sr. Presidente da Câmara Municipal
Sras. e Srs. Vereadores
Sras. e Srs.….

Comemoramos o quadragésimo sétimo aniversário do 25 de Abril, “o dia inicial inteiro e limpo/ onde emergimos da noite e do silêncio”, como cantava Sophia, a poetisa da luz e da liberdade. Abril é liberdade e é esperança, mas é também memória dos dias onde o futuro era agora. Abril é tomar o destino nas mãos, erguer a voz e cantar, cerrar fileiras e lutar pelas utopias milenares da igualdade e da justiça social.

Abril ou é memória do passado a apontar para o futuro ou não será. É com essa herança que caminhamos hoje nestes tempos estranhos que vivemos. Passa mais de um ano desde o início desta inusitada pandemia de Covid-19, que nos tem condicionado pelos seus impactos sociais, culturais e económicas na sociedade e nas nossas vidas.

E antes do mais queremos endereçar um agradecimento feito de solidariedade e de respeito a todas e todos que têm estado na primeira linha do combate à pandemia, mantendo os serviços públicos essenciais - profissionais de Saúde, trabalhadores do sector social, dos serviços públicos, do sector alimentar, trabalhadores das Autarquias locais, principalmente os da limpeza urbana.

A pandemia acrescentou crise à crise social, expôs problemas que são estruturais na ordem capitalista - agravou as desigualdades, fez alastrar a pobreza e aumentou a precariedade e a desprotecção social dos trabalhadores. O desinvestimento estrutural nos serviços públicos não foi invertido. Portugal foi dos países europeus que menos investiu nos serviços públicos.

O capital lucra com a crise, sobrepõe o interesse privado ao interesse público e coletivo, incluindo em matéria de saúde pública, como mostra bem o negócio das vacinas, com os estados completamente dependentes das multinacionais.

Hoje, comemorar o 25 de Abril significa reclamar respostas robustas à crise social, reforçar o Serviço Nacional de Saúde, garantir proteção social a quem precisa, apoiar a retoma da capacidade produtiva das pequenas e médias empresas, conferir dignidade habitacional aos que dela precisam, proteger as minorias , as mulheres e as crianças, sempre as mais afectadas em situações de crise.

Muitas destas medidas são da responsabilidade do governo central, no quadro das competências das autarquias e da sensibilidade social que lhes deve assistir, é preciso perguntar se foi e está a ser feito tudo o que é possível para combater estes flagelos dos nossos dias.

Responder a quem mais precisa, implica não deixar ninguém para trás, implica trilhar um combate pela igualdade, pela democracia, pela justiça social e ecológica, implica preencher os espaços de descontentamento onde germina a ascensão dos populismos fascizantes, com a sua agenda conservadora, xenófoba e que se alimenta do medo e da angustia das populações, dos mais desprotegidos e dos excluídos.

Hoje, comemorar o 25 de Abril, que deve ser desígnio de todas e todos nós, significa não desistir das portas que Abril abriu – da liberdade, da justiça, do SNS, da escola pública, do estado social.

Viva o 25 de Abril!

Rosa Maria Silva
Deputada Municipal (Bloco de Esquerda)