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Bloco opõe-se às mega-centrais solares em São Domingos/Vale de Água e Cercal

SIM A UMA TRANSIÇÂO AMBIENTAL JUSTA

NÃO ÀS MEGA-CENTRAIS SOLARES
DO CERCAL DO ALENTEJO E SÃO DOMINGOS/VALE DE ÀGUA

São justas as preocupações e os protestos das populações de S. Domingos, Vale de Água e Cercal do Alentejo quanto à instalação à porta das suas casas e na vizinhança das suas terras de duas centrais solares de dimensão completamente exagerada, ocupando um total de quase 1300 hectares (1260 em S. Domingos e Vale de Água, e 137 no Cercal do Alentejo. Manifestamos a nossa solidariedade com as populações.

As populações não são esclarecidas nem ouvidas. Tudo tem sido feito nas suas costas. As consultas públicas são obrigatórias, mas a sua divulgação é completamente insuficiente, como aconteceu em São Domingos e Vale de Água. No Cercal do Alentejo, a Agência Portuguesa do Ambiente veio à última da hora fazer uma sessão de esclarecimento, mas os seus técnicos tiveram a desvergonha de dizer que já estava tudo decidido e que não eram obrigados a ouvir a população.

A Câmara Municipal de Santiago do Cacém que, face a esta situação, devia ter promovido o debate público, não assumiu a sua responsabilidade de informar, ouvir e esclarecer as populações, quando conhecia há mais de um ano estes projectos.

O Governo do Partido Socialista prevê empreendimentos desta natureza por todo o país, numa estratégia de descarbonização lesiva das populações, entregando a produção de energia a empresas que na lógica do lucro máximo irão beneficiar dos dinheiros europeus da tal “bazuca” financeira, para implementar sistemas de produção centralizados, numa lógica de maximização dos lucros e minimização dos custos, isto é, numa lógica de capitalismo “verde”, mascarado de intenções ambientais.

Estes projetos terão um impacto enorme para as populações. Vão afetar a Reserva Agrícola Nacional, destruir montado de sobro, danificar ou destruir caminhos rurais, alterar profundamente a paisagem e os ecossistemas, ter impactos nos microclimas locais, inviabilizar o turismo rural e de natureza.

Ao fim dos 30 anos de exploração prevista para estas centrais solares, não há resposta quanto ao destino de toneladas de resíduos resultantes das estruturas metálicas e dos próprios painéis. É o que se chama sugar o território e deixar lá o lixo.

É preciso dizer também que depois do período de instalação em que poderão vir trabalhadores de fora num período curto, estes projectos não vão criar emprego nem dinamizar o comércio local. O seu impacto socio económico será nulo.
Assim, além dos lucros capturados pelas empresas promotoras e das vantagens para os proprietários que alugarem os seus terrenos, nada mais fica para as populações locais.

O Bloco de Esquerda defende a urgência da descarbonização da economia no combate à crise ambiental, o que passa pelo recurso a energias renováveis, como a energia solar, mas também entende que isso não se pode fazer a qualquer custo contra as populações e os seus interesses. Por isso discorda deste projectos e opõe-se frontalmente à sua implementação em São Domingos/Vale de Água e Cercal do Alentejo.
Desafiamos a Câmara Municipal e as forças políticas que se reclamam de esquerda a tomar posição a favor das populações, opondo-se a estes projetos.

Por uma resposta social e ecológica em Santiago do Cacém

Defendemos um modelo social, verdadeiramente socialista, de transição justa para o ambiente e para as pessoas, que gere emprego, proteja os recursos naturais e promova o desenvolvimento sustentável.

Defendemos um modelo de produção público ou cooperativo de autoconsumo, descentralizado, que aproveite as coberturas de edifícios, os espelhos de água e zonas improdutivas.
Defendemos politicas públicas ecológicas a nível central e local, dos transportes à habitação e à criação de unidades produção de painéis solares e tecnologias associadas, em vez do recurso à importação.